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Com menos rendimento disponível, consumidores compram mais marca própria e em promoções

Os consumidores nacionais já estão a refletir nas suas decisões de compra de produtos alimentares, a quebra de rendimento sentida com o impacto da pandemia do novo coronavírus na economia.

Compram mais marca própria e em promoção, o que já levou cadeias de supermercados a criar cabazes de bens essenciais, caso do Pingo Doce. Uma quebra que já se está a refletir no supermercado: compram mais marca de distribuição e estão mais atentos às promoções.

O Pingo Doce é um bom observatório para perceber o que se passa com as famílias portuguesas. O barómetro mais importante é a quota da marca própria que está a crescer muito.

O que está a acontecer é o trading down das categorias, em que o cliente passa de marca de fabricante para a marca própria do Pingo Doce. Também denotamos que o cliente está a tentar alterar as suas categorias para produtos de menos valor acrescentado.

O que significa que continuamos a vender mais volume, mas menos em valor , adianta o CCO da cadeia. Nuno Begonha garante que não travaram as promoções, nem durante o Estado de Emergência, mas reduziram o número de artigos em promoção, fruto da atuação que tivemos de fazer ao nível dos nossos armazéns e de redução de horários .

A confiança dos portugueses hoje é mais baixa, as pessoas sentem dificuldades, e estão com algum receio do que possa vir a acontecer no futuro, portanto a promoção torna-se cada vez mais relevante. Razão pela qual, e sentimos que estamos a ir no bom caminho, iniciámos uma campanha nova, duas vezes por semana de terça-feira a quinta-feira e de sexta a segunda-feira com, em cada uma das campanhas, mais de produtos essenciais para as famílias portuguesas , adianta Nuno Begonha, Chief Commercial Officer CCO do Pingo Doce, ao Dinheiro Vivo.

Estamos a investir – porque sentimos a necessidade e que o cliente nos está a pedir isso – aumentando a nossa carga promocional para ir ao encontro das necessidades dos clientes. Com a pandemia a encerrar a atividade económica, e muitas empresas a recorrer ao lay-off, os portugueses estão a sentir quebras de rendimento.

Um estudo da Deco aponta mesmo que, em média, as famílias viram desaparecer da sua carteira euros. Agora a cadeia – que em abril viu as vendas cair, face há um ano, mesmo com a Páscoa a ocorrer nesse mês, o que normalmente significa aumento de vendas nos supermercados – está a reforçar a sua oferta promocional: criaram cabazes com produtos essenciais, com marca própria mas também de fabricante, com descontos para os consumidores. São mais de artigos em cada uma das campanhas.

Queremos ter sempre fruta, um legume, um artigo do talho, de pão, comida pronta take away, sopa, massa, arroz… Um cardápio essencial às famílias portuguesas, com os melhores artigos de venda do Pingo Doce aos melhores preços , garante o responsável comercial da cadeia.

O desconto depende de artigo para artigo, mas efetivamente estamos a tentar ter preços imbatíveis relativamente aos que tivemos anteriormente. Vão ser os melhores preços que temos atualmente. Um movimento que Nuno Begonha acredita terá impacto na concorrência.

É uma nova ação que estamos a implementar em função das necessidades que estamos a sentir neste especifico período e estou convencido que, eventualmente, haverá resposta dos nossos concorrentes . Aposta na produção nacional com a pandemia a encerrar os cafés e restaurantes, muitos pequenos os produtores ficaram em Março e Abril sem canal para escoar a carne de borrego ou cabrito ou até os queijos regionais.

A situação levou mesmo o Ministério da Agricultura a apelar aos super para a apoiar o escoamento na Páscoa. Estabelecemos um calendário semanal de apoio à indústria portuguesa, neste caso aos produtores, e que achámos relevante comunicar. Começamos com os ovinos e caprinos, numa altura complicada, a Páscoa, onde a mudança dos hábitos alimentares foi dramática, a falta de haver reuniões familiares e amigos reduziu e não havia o consumo habitual de cabrito e borrego , descreve Nuno Begonha.

A cadeia não revela quanto investiu em compras nacionais nesta fase de pandemia. Em abril, um mês até difícil em termos de vendas do Pingo Doce, mas claramente, houve aqui um enfoque grande na indústria nacional , destaca. E qual foi a recetividade dos consumidores? Houve um investimento grande da Jerónimo Martins e houve um investimento em termos de preço e, de facto, as famílias reagiram e responderam muito bem.

Não vai encontrar seguramente nenhum fornecedor a dizer que o Pingo Doce andou a solicitar esse tipo de desconto aos nossos fornecedores , garante. Houve aqui um grande investimento do Pingo Doce, mais do que representativo são os testemunhos dos nossos produtores que temos vindo a dar um bocadinho até para desmistificar essa situação . Uma aposta na produção nacional que vai ter, pelo menos, continuidade até final de Junho. Este apoio à produção nacional temos de manter, porque temos de ajudar.