Durante o mês de maio, os produtos alimentares sofreram subidas nos preços. Entretanto, a Autoridade da Concorrência (AdC) acusou três marcas de supermercados de concertar preços em prejuízo do consumidor.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os preços em Portugal terão caído durante o mês do desconfinamento. Contudo, esta redução generalizada dos preços verificou-se na venda de combustíveis e não na venda de alimentos. Aliás, a tendência neste setor é de subida.
Em resposta ao ECO, o INE confirmou essa subida, dizendo que o índice de preços no consumidor (IPC) “apurou em abril um aumento generalizado de preços na maioria das subcategorias da classe dos produtos alimentares e bebidas não alcoólicas”. Segundo essa resposta, os produtos hortícolas e o peixe, crustáceos e moluscos foram os mais afetados.
Outros dados cedidos mostram que, em abril, os preços dos produtos hortícolas subiu 7,72% face a março. Quanto ao peixe, crustáceos e moluscos, verificou-se um aumento de 3,61%.
No caso das frutas, os preços subiram 1,56% em abril face a março, e registaram nova subida em maio face a abril, de 6,7%.
Subidas provocadas pelo cornavírus
Apesar de não existirem confirmações oficiais, crê-se que esta subida de aumentos poderá ser fruto dos constrangimentos provocados pelo novo coronavírus na economia. Em declarações ao ECO, Domingos dos Santos, presidente da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP), confirma que houve “um aumento dos custos em todos os processos”.
Por isso, algumas distribuidoras podem ter aumentado os preços de alguns produtos de forma minimizar o impacto nas margens de lucro.
Supermercados acusados de práticas de cartel
Face a estas subidas, a AdC acusou três cadeias de supermercados em Portugal de terem recorrido a práticas equivalentes a cartel ao tentar concertar preços em prejuízo do consumidor.
“Após investigação, a AdC concluiu que existem indícios de que as empresas Modelo Continente, Pingo Doce e Auchan utilizaram o relacionamento comercial com o fornecedor Bimbo Donuts para alinharem os preços de venda ao público PVP dos principais produtos deste último, em prejuízo dos consumidores”, revela um comunicado do órgão em causa.
“Trata-se de uma prática equivalente a um cartel, em que os distribuidores, não comunicando diretamente entre si, como acontece habitualmente num cartel, recorrem a contactos bilaterais com o fornecedor para promover ou garantir, através deste, que todos praticam o mesmo PVP no mercado retalhista. Na terminologia de concorrência, designa-se esta prática por ‘hub-and-spoke'”, explica a entidade.